sábado, 22 de maio de 2010

O desperdício na "Escola Tradicional" - John Dewey

Na "Escola Tradicional" constiuída pelo conjunto de instituições escolares que perduravam nos Estados Unidos no final do século XIX "o centro e a base das escolas são os professores e não as crianças", ou seja, existia uma completa dependência dos alunos. Exemplo disso era a organização das salas de aula, preparadas para impor uma ordem em que os alunos ouvem o professor, escrevem e fazem apontamentos. Não havia lugar para cada aluno atuar, agir ou reagir de forma individual. Não existiam atividades práticas que permitissem aos alunos inquirir, criar e construir. A própria ordenação das mesas e das cadeiras favorecia esta fato, ao não permitirem a livre circulação dos alunos na sala.
Dewey declarou que "os alunos absorvem de forma passiva o "material" preparado por autoridades escolares (professores, conselheiros, superintendentes, etc)", devendo ser apresentada "o máximo de matéria no mínimo de tempo possível". Segundo Dewey a "Escola Tradicional" estimulava "a passividade de atitude, o tratamento mecânico das crianças como massas, a uniformidade de currículos e métodos". A passividade dos alunos também era fomentada pelo fato de na sala de aula o professor tratar o conjunto dos alunos como um todo indivisível.
Dewey repudiava o sistema de avaliação da "Escola Tradicional" , que incentiva a competição entre os alunos e referia a este sistema que levava os alunos a considerarem que não deve existir apoio e cooperação entre colegas, porque tal fato poderia incentivar alguns alunos a não se empenharem no trabalho escolar. O autor considerava que a cooperação entre os alunos, a troca livre de ideias, comentários e sugestões são fundamentais para o desenvolvimento das capacidades das crianças.
Dewey considerava que, na "Escola Tradicional, o maior desperdício não é o financeiro ou o de meios, mas sim o da vida dos indivíduos, não enquanto crianças que frequentam a escola, mas tmabém depois da sua "passagem" pela escola devido a uma "preparação inadequada e pervertida". Este desperdício resultados das diferentes instituições escolares; por um lado, do isolamento das várias instituições escolares entre si, e por outro, do isolamento das instituições escolares relativamente à sociedade, ou seja, ao mundo exterior.
O autor refere que esta separação entre os diferentes componentes do sistema escolar está relacionada ao fato de cada um destes componentes terem uma origem, objetivos iniciais e um desenvolvimento próprio.
Dewey considera que, para quebrar o isolamento dos diferentes componentes escolares, estes têm de estar referenciados e em contato com o resto da sociedade e da vida social, sendo esta a única forma de unir os diferentes componentes do sistema escolar entre si.
O isolamento do sistema escolar em relação à sociedade faz com que as crianças não encontrem forma de aplicar na sua vivência do dia a dia o que aprendem na escola, nem de aplicarem na sua aprendizagem escolar a sua vivência não escolar.
Existe, segundo Dewey, uma "separação teórico vs prático, grandemente motivada por questões de ordem social, com consequências muito prejudiciais para o desenvolvimento dos indivíduos e das sociedades em que estes integram". O isolamento da "Escola Tradicional" em relação ao mundo exterior leva a que os elementos das classes menos privilegiadas considerem as instituições escolares única e exclusivamente como um meio de obter as ferramentas básicas (ler, escrever, cálculos matemáticos simples) que lhes permitirá desenvolver os seus interesses na obtenção de uma atividade profissional. O autor refere que uma das consequências desta separação é o abandono precoce dos alunos do sistema escolar.

Pesquisa sobre John Dewey





A escola de Dewey era uma escola onde todos eram convidados a encontrar realização pessoal e social na sua atividade diária. Era também um lugar onde estavam os conhecimentos e onde era necessário incluir experiências estéticas (aprópria pintura, a visita a um museu, dão noção de valor estético), contemplativas (pensar sobre as coisas, para pensar sobre o que está acontecendo) e de valores morais.



Dewey considerava que a escola deveria ser um espaço em que as crianças encontrassem oportunidade de adquirir conhecimentos e prátivas úteis para a sua vida individual e comunitária. Se qualquer atividade servia para o aluno aprender, ao professor competia criar e ordenar os materiais. as atividades e as condições da escola.


O princípio fundamental do método didático é concentrar-se em atividades que fomentem bons hábitos de raciocínio.


O método educativo é instrumentalista, porque compete ao professor proporcionar o meio ambiente adequado e fornecer instrumentos.


A educação acontece porque o aluno manipula os instrumentos disponíveis para aprender.


O processo educativo deve começar e estar fundamentado nos interesses da criança; a experiência que a criança realiza na sala de aula é uma oportunidade para estabelecer a conexão entre o pensamento e a ação; o professor deve ser o guia e colaborador dos alunos, mais do que um mestre que propõe tarefas inseridas num conjunto fixo de lições e recitações - a matéria programada. O processo educativo mais adequado é aquele que se baseia em processos de investigação , partindo de situações de dúvidas e de incerteza. A motivação para procurar a solução de problemas, para tentar viver em harmonioa comunitária e sentir-se realizado na escola resulta logicamente do desejo natural de resolver tensões práticas e aliviar dúvidas.

Pesquisa sobre Célestin Freinet



Em sua teoria, Freinet valorizava a escola considerando-a um prolongamento natural da vida. Uma Educação democrática alicerçada no aluno por meio cooperação. A criança é estimulada a ter uma atitude ativa na escola, que deve dar instrumentos que possibilitem a sua autonomia em sala de aula, como um ser ativo e participativo.


A pedagogia de Freinet é baseada na confiança, respeito mútuo e cumplicidade entre alunos e professores. O senso de responsabilidade, julgamento pessoal, comunicação, reflexão individual e coletiva, são princípios nos quais Freinet irá construir um modelo pedagógico a ser seguido. Pois é somente a partir dessas premissas que uma melhor relação escolar se formará. Como via de aquisição do conhecimento se reconhece a observação, a explicação e a demonstração, contudo é a experiência que se estabelece como fonte de saber. Na experiência, pela inter-relação da criança com seu meio que sua formação será completa, sendo instigada a dominar seu ambiente, introduzindo-se nele. E é por esse caminho que se formará o homem de amanhã.


Ao analisar que o interesse da criança não estava dentro da escola e sim fora dela, Freinet passa a fazer a atividade de passear com os alunos retornarndo posteriormente à sala. Surgem as aulas passeios, nas quais a espontaneidade natural da criança é valorizada estimulando sua criatividade e motivando-a a participar das aulas. Ao produzir relatórios sobre o passeio, que eram discutidos na sala de aula, o aluno se portava de modo participativo e interessado. Assim, a capacidade de reflexão tanto individual como coletiva é trabalhada nas discussão dos diferentes temas em sala.


Com a finalidade de fazer o aluno produtor de conhecimento, o texto impresso passa a ser utilizado no ambiente escolar como meio de comunicação entre alunos e professores. A correspondência escolar começa a ser usada a fim de trocar experiências entre alunos e professores, compartilhando momentos de passeios, temas abordados em sala, etc. O texto livre, como Freinet denomina esta técnica, é explorado de diferentes formas com os alunos que podem produzir seu texto com um desenho, um poema, uma pintura. No jornal escolar enviado aos responsáveis cada aluno poderia ter o seu caderno especial, no entanto se fosse desejo deste ter um caderno só para si, o texto do aluno deveria passar por uma correção, de forma individual ou coletiva. Aqui Freinet acredita que o erro deve ser percebido pela criança para que ele a seja capaz de produzir o acerto. já na correspondência interescolar as escolas se manteriam atualizadas a cerca das práticas das demais. O Livro de Vida é também uma produção de professores e alunos. Consiste em um diário em que são registrados os momentos mais importantes no período em que estiveram juntos. Os passeios são relatados e os desenhos dos alunos anexados. Enfim, o livro serve de veículo para a afetividade que se expressa nesse momento perpetuando assim as experiências vividas na classe.


A interdisciplinaridade possibilitaria uma melhor compreensão do mundo pela criança, ao contrário do antigo método do saber compatimentado. No texto livre aplicado por Freinet a interdisciplinaridade pode ser aplicada através de observações de gramática ao final dos relatórios dos passeios, por exemplo. Os livros didáticos cujo conteúdo fugia da realidade da criança eram duramente criticados, criando-se fichários de consulta. Os fichários continham exercícios das diferentes matéria elaboradas em sala de aula com a ajuda dos alunos para que pudessem recorrer em momentos de dificuldades, ajudando o professor saber mais quais pontos não foram trabalhados por ele, por exemplo. Na dinâmica do trabalho em sala, as crianças colaboram também no plano de trabalho que será seguido durante o curso. As atividades escolhidas que terão que ser realizadas em grupo, duplas ou individualmente são anotadas em fichas onde são registradas as atividades da semana.


Torna-se necessária a tomada de consciência da vida por parte dos alunos, que aprendam a se colocarem como sujeitos, respeitando o outro como um ser que também tem seus direitos. A partir dessa reflexão cria-se a cooperativa, um sistema de reuniões de alunos que visa à discussão dos problemas escolares criando uma gestão da vida pelo trabalho escolar. A criança, ao propor soluções, passa a integrar o corpo escolar como ser pensante, e se envolve na dinâmica pela qual está passando não como receptor e sim como elaborador.

Aos educadores é exigido que se matenham atualizados e cientes da nova realidade que se impõe a escola. É necessário que o educador respeite o ritmo do aluno , assim como compreenda a sua realidade, aprendizagem anterior a escola, já que sempre esteve inserido em um meio, recebendo, pois, influências do mesmo.


"Faça o professor descer da sua cátedra-pedestal , abra as janelas, descruze os braços, faça brilhar o sol, abra as bocas, escreva, desenha, imprima, grave e esculpa, atire-se ao trabalho, ao ritmo novo das máquinas que animam o ronronar da escolástica..." (FREINET, Pedagogia do Bom-senso, 1985, p. 138)


A cooperação entre professor e aluno é a base para essa nova pedagogia que surge em um momento de insastifação e padronização de métodos já fracassados. A posição professor na escola escolástica em que se coloca a cima do aluno, é desconstruída por Freinet que traz o educador ao lado do aluno, cooperando com ele na busca do seu saber. A pedagogia da democratização não é uma seguidora cega da novidade e vanguarda, mas sim uma prudente esperança que espera alcançar a humanidade.


A escola é criticada como uma instituição que reproduz um método arcaico que incide sobre as classes dominadas, com um regime autoritário que não é capaz de formar cidadãos democratas. Em contraponto a isso, é defendido um método que formará uma sociedade mais justa, trazendo a esperança como ordem, e tendo como militantes professores e alunos.